Esse foi escrito e publicado inicialmente no meu outro blog. Como ele tem um teor um tanto picante, publico aqui para os que gostam de malícias e mensagens subentendidas…
“O Jardim dos Quatro Rios
Recém surgida, estava ela ali, embevecida com a luz e as formas das coisas. Percebeu o vento balouçando as madeixas em suas espáduas nuas. Os sons vibrando ao redor, a grama macia e o tato da água do rio na palma de suas mãos, a deixaram trêmula. Súbito seus olhos encantam-se com um objeto de cor vivaz e atraente, pequeno e rotundo, a boiar sobre as águas. Pegou-o e levando infantilmente à boca, sentiu o gosto pela primeira vez. Franziu-se o seu cenho automaticamente. Passados alguns instantes, sentiu-lhe percorrer calor pelo corpo e viu que era bom. Estando ela deitada, percebeu então que a relva fazia contato íntimo com sua púbis. Deliciou-se ela com isso, remexendo-se de instante em instante.
Afogueada, levanta-se súbito e vai ter com o homem. De certo que aproximando-se deste, diz-lhe eufórica: “Homem, senti!” e subitamente olhando naquilo que os olhos nunca se detiveram, percebe o homem em seu todo e pergunta: “Adam, mas que é isso?”. Ele desconhecendo, não o soube responder. Ela então se aproxima e toca, com mãos curiosas e ávidas, levando o homem a tocá-la de igual modo, onde nem a relva alcançou. O homem atônito, recua. Eva diz do gosto que sentiu e do toque das ervas verdes em suas partes, e da curiosidade súbita que a tomou, mas Adam, desconfiado, resiste.
A mulher então o leva à beira do rio e faz com que ele fique a observar a água. Eis que novamente passa a boiar outro pequeno vermelho, e Eva, espertamente, evitando perder o item, pega de uma madeira e o puxa para perto, fazendo Adam tomar do fruto. Sentindo ele o gosto pela primeira vez, sua língua percebe o doce, o ácido e o amargo com a única mordida, e põe-se estalante para fora automatamente. Sente então o homem que algo lhe percorre o corpo. Olha súbito para si, descendo os olhos sobre o próprio corpo, e depois para a mulher e dize-lhe: “Eva, que é isso?”. A mulher sem bem saber o que fazia, pôs-se de fronte ao homem, abaixada na relva, sua amiga, e abriu-se-lhe a boca com uma certa fome nunca pronunciada ou conhecida. Mas Adam viu que era bom e indo ter com ela na relva, ficaram os dois em estado de éden profundo. Os pássaros continuaram a avoar estridentes e enquanto o rio corria, o vento levava folhas para lá e para cá, durante o longo tempo que lá ficaram em êxtase.
Foi assim, que a esperteza, a agilidade e a fogosidade tomou conta primeiro da mulher, Eva (חַוָּה – Ḥavva, a “Vivente”) e esta ensinou como se faz ao homem (Adam – אָדָם, “Homem”) e foi por causa do fruto vermelho chamado kapheh (קפה), oriundo da Abissínia, que o Jardim dos Quatro Rios passou a se chamar de Éden (עדן – prazer).”
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Texto original: Moni Abreu
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